Campeonato Amapaense de 1950




CAMPEÃO: AMAPÁ CLUBE
PARTICIPANTES: Amapá Clube, Esporte Clube Macapá, Trem Desportivo Clube e Sociedade Recreativa São José



   
                                                       Equipe do Trem em 1950

    Fonte: Porta-retrato


 O Estádio Municipal Glicério de Souza Marques, em Macapá, foi inaugurado em janeiro de 1950, com um jogo entre as seleções do Amapá e Pará. Foi inaugurado com o nome Estádio Municipal de Macapá. Mais tarde mudou para Glicério Marques em homenagem ao primeiro presidente da Federação. Na época não havia iluminação, portanto nada de jogos à noite. O campeonato era disputado no domingo à tarde, com a preliminar (chamada de esfria-sol) começando às 14 horas e a principal às 16h.



           


ESTÁDIO GLYCÉRIO DE SOUZA MARQUES
“O GIGANTE DA FAVELA”
Postado by JOHN SCOTT - domingo, 15.01.2012 – 8h07
Estádio Municipal Glycério de Souza Marques
(Reprodução)
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Data: 15 de janeiro de 1950
Segundo o historiador Estácio Vidal Picanço, a cidade de Macapá amanheceu uma festa só.
Era o dia da inauguração do estádio, com a partida entre as seleções de Amapá e Pará.
O governador Janary Nunes hasteou a bandeira nacional no mastro de entrada do estádio (foto) e descerrou a placa comemorativa com a inscrição “Construída na Administração Territorial do Capitão Janary Nunes”.
Houve ainda discurso do engenheiro construtor do estádio, Hermógenes de Lima Filho, que em seguida leu o ato do governo do Território Federal do Amapá repassando a administração do Glycerão à prefeitura de Macapá.
Também discursaram Hildemar Pimentel Maia, representante da CBD, e os presidentes das federações do Amapá e Pará, Glycério Marques e Péricles Guedes, respectivamente.
O PRIMEIRO JUIZ
Para dirigir o encontro entre as seleções de Amapá e Pará foi escolhido pela CBD o juiz paraense Alberto da Gama Malcher, que já tinha renome internacional.Ele trilou o apito às 17h30 do dia 15 de janeiro de 1950.O estádio já tinha luminárias, e das melhores, escreveu Estácio Vidal.
O PRIMEIRO GOL
O primeiro gol marcado no estádio Glycério Marques foi de autoria de Norman Percival Joseph David (apelidado de cacetão pela potência de seu chute - da seleção paraense e jogador do Paissandu).Norman fez o gol aos 30 minutos do segundo tempo, e o Pará venceu a partida por 1x0.
CURIOSIDADE
Uma curiosidade: Complementando o amigo Sapiranga informa que o saudoso Zacarias Leite, Paissandu doente, homenageou o centro avante bicolor, batizando seu oitavo filho como Percival, que mais tarde se transformou num grande craque do futebol amapaense, defendendo as cores do Juventus Esporte Clube.
O TIME DO AMAPÁ
O Amapá começou jogando com: Lavareda, 75 e Suzete; Cabral, Roxinho e Raimundinho; Luiz de Melo, Dedeco, Alves, Adãozinho e Boró.
O Pará usou: Dodô, Bereco, e Sidoca; Biroba, Nonato e Sabá; Norman, Teixeirinha, Hélio Costa, China e Juvenil.
Os jogadores do Remo não estavam na seleção, pois o clube estava em excursão pelo exterior.
A renda foi de Cr$ 31.780,00.
DETALHE HISTÓRICO
A construção do Estádio Municipal Glycério de Souza Marques foi motivada pela participação do Amapá no XX Campeonato Brasileiro de Seleções de Futebol, realizado no ano de 1950.
O Amapá tinha sete anos como Território Federal, e pela primeira vez iria participar daquela competição.
O convite foi feito por Vargas Neto, vice-presidente da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
O relato é do saudoso professor e historiador Estácio Vidal Picanço, que em 1980, quando o estádio completou 30 anos, contou a história da construção e da partida inaugural.
Estácio Vidal também foi goleiro do Amapá e cronista esportivo da Rádio Difusora de Macapá.
Estácio diz que o estádio Glycério Marques é a praça de esportes oficial mais antiga do Brasil, inaugurado seis meses antes da inauguração do estádio do Maracanã, construído para a Copa do Mundo de 1950 que o Brasil perdeu na final para a seleção do Uruguai.
Ele conta que o governador Janary Nunes estava ausente do Amapá, tendo passado nove meses na Escola Superior de Guerra.
Janary era militar da ativa do Exército brasileiro.
Raul Montero Valdez respondia pelo governo do Território, e o prefeito de Macapá era José Serra e Silva. Tudo isso em 1949.
Em meados de outubro daquele ano, Raul Valdez recebeu um telegrama do Rio de Janeiro, informando que a CBD estava convidando o Amapá para participar do Campeonato Brasileiro de Seleções de 1950.
Raul reuniu então os presidentes dos clubes da época: Amapá Clube, Esporte Clube Macapá, São José e Trem Desportivo Clube, informando a eles que o Território do Amapá estaria na competição.
Uma das primeiras providências foi eleger um presidente definitivo para a Federação de Desportos do Amapá (FDA), que mais tarde virou Federação Amapaense de Desportos (FAD) e hoje é Federação Amapaense de Futebol (FAF). O presidente interino da FDA era Ariosto Cardoso Paes.
A eleição aconteceu no gabinete do governador, com os dirigentes dos clubes aclamando o nome de Glycério de Sousa Marques, tenente do Exército.
Além da patente, Glycério Marques exercia funções de inspetor geral de ensino, chefe escoteiro, professor, educador e desportista.
Foi também um dos diretores da Rádio Difusora de Macapá, na primeira faze da emissora.
Na reunião histórica, narra Estácio Vidal, o governador interino Raul Valdez convocou Hermógenes de Lima Filho, diretor da Divisão de Obras do governo, para que ele escolhesse o local onde seria construído um estádio de futebol, em tempo recorde, a fim de que o Amapá, em janeiro de 1950, tivesse condição de tomar parte no campeonato.
Como representante do governo do Território Federal do Amapá no Rio de Janeiro estava Pauxy Nunes, conhecido como “Caudilho do Norte”.
Ele também era o delegado do Amapá junto à Confederação Brasileira de Desportos, providenciando tudo o que fosse necessário para a seleção amapaense.
Dentre essas providências, Pauxy Nunes procurava encontrar o melhor material esportivo.
Duas semanas antes da estreia do Amapá no campeonato, a seleção recebeu dois jogos de camisa e o restante do material.O primeiro uniforme da seleção amapaense, nas cores azul e vermelho, permanece até hoje.O governador Janary Nunes, embora ausente do Território, continuou dando todo o apoio à participação do Amapá no certame.
Ele e seu irmão, deputado Coaracy Nunes, conseguiram recursos financeiros para a construção do estádio em tempo recorde.
Janary retornou ao Amapá no dia 19 de dezembro de 1949.
Glycério Marques chamou Edson Veras para treinar a seleção amapaense de futebol.

Edson era irmão de Ivaldo Veras, cujo nome é imortalizado na avenida onde está construído o Sambódromo.
Foram convocados para compor a seleção os jogadores: Lavareda, 91 (Expedito da Cunha Ferro), 75, Suzete, Jucá, Raimundinho, Cabral, Deniz, Roxinho, Cláudio, Adãozinho, Boró, Turíbio, Branco, Sapo, Major, Taumaturgo, Osvaldo Padeiro, João Cançado, Dedeco, Zé Maria Chaves, Walter Nery, Álvaro Arara, Alves e Cabeça.
O treinador Edson Veras saiu logo depois, sendo substituído por Delbanor Leite Dias (irmão do saudoso chefe Humberto), que também foi um dos diretores da Rádio Difusora de Macapá. 
Fonte: (Texto extraído do portal Amapá Turismo que cita como fonte o Jornal "A Gazeta", do Amapá - com informações do historiador Estácio Vidal Picanço).



               AMISTOSOS DO NÁUTICO NO AMAPÁ


Equipe do Náutico-PE, em Macapá -1950  



Jogadores do Náutico, no Glicério Marques-  1950 - Ivanildo, Amorim e Alcidésio.

Fontes: http://reliquiasdofutebol.blogspot.com.br



O Náutico em 1950, campeão do Ano Santo. Em pé, Manuel Lopes (dirigente), Palmeira (técnico), Sidinho, Lula, Azulão, Jaminho, Gilberto e Dico; agachados: Carmelo, Ivanildo, Amorim, Alcidésio e Zeca)  
     Fonte: No pé da conversa/Facebook


                                                          Time base do Náutico- 1950




 Os alvirrubros tinham jogado num domingo em Manaus, alguns caíram na farra, e na segunda-feira cedo embarcaram num DC-3, levando quase cinco horas para chegar a Macapá, capital do então Território do Amapá. A delegação saiu do avião diretamente para um restaurante. Depois do almoço, um rápido descanso, seguindo todos para o estádio.
A equipe pernambucana chegou ao Amapá precedida de grande cartaz., face à bela excursão que realizava na Amazônia, ganhando, em matéria de prestígio para o Flamengo e a Portuguesa de Desportos, que também cruzavam a Região. O primeiro adversário do Náutico foi o Amapá Clube, na realidade, a Seleção Amapaense. No segundo, um combinado da capital do território, camuflado de Macapá, um dos times da cidade.
No primeiro jogo, o Náutico alinhou Vicente; Sidinho e Lula; Dico, Gilberto e Jaminho; Carmelo (João Magro), Ivanildo, Amorim, Alcidésio (Schiller) e Zeca. Na segunda partida, o zagueiro Lula foi deslocado para a esquerda, substituindo Jaminho, e Erasmo ocupava a zaga. No ataque, João Magro entrava na ponta direita, ficando Carmelo de fora.
Na vitória de 1 x 0 o gol foi de Amorim, e na de 4 x 1 marcaram Amorim (2), Zeca e Ivanildo.
Depois de se exibir no Amapá, os alvirrubros seguiram para Paramaribo, capital da Guiana Francesa, hoje República do Suriname.
O time do Náutico tinha sido montado com jeito de seleção. Era o sonho de Eládio de Barros Carvalho, o eterno comandante. Fazer do Náutico um time forte. Grande, o Náutico já era como clube. Mas urgia fazer do clube alvirrubro um time também valoroso, vencedor. Um ganhador de títulos. Um time glorificado como seus mais próximos rivais, o Sport e o Santa Cruz.
Era o começo dos anos 50. O Náutico ocupava a quarta posição no ranking estadual, atrás de Sport, Santa Cruz e até do América. Tinha conquistado apenas três campeonatos até então.
 

EXCURSÃO AO NORTE

Foi quando, antes de seguir com destino a Paramaribo, o time foi convidado para se exibir em Macapá, a capital do Território do Amapá. Jogo programado para o 1º de Maio, data dedicada ao trabalhador no mundo inteiro. Era comum naquele tempo incluir nas festividades do dia dedicado ao trabalhador, um jogo de futebol de portões abertos. A velha e surrada política do pão e circo, sucesso aqui e alhures, deixada por fim de lado, porque não há como enganar tantos o tempo todo e por tanto tempo.


TEMPORAL NO AMAPÁ

No Dia do Trabalhador, em Macapá, o time seguiu sua marcha vitoriosa: Náutico 1x0 Seleção do Amapá. Em que pese o placar parcimonioso, o time mais uma vez deu um show. E foi tão empolgante a exibição dos pupilos de Palmeira, que o inevitável convite para um novo jogo foi feito à chefia da delegação. Convite feito e aceito na hora. Mais dinheiro no caixa. Futebol profissional vive disso.

Um problema: o 1º de Maio daquele ano tinha caído numa segunda-feira, e a delegação estava com a viagem programada pela Cruzeiro do Sul, com destino a Paramaribo, para a quarta, logo cedo da manhã. Apenas uma vez por semana saía avião do território, com destino às Guianas. Um outro jogo só era possível assim, na terça-feira. Melhor que fosse à noite, para permitir um tempo mais prolongado de descanso aos jogadores dos dois times. Foi o que ficou combinado. No gramado, no dia seguinte, na terça-feira à noite, outra vez Náutico e a Seleção do Amapá.

Apesar da boa exibição – não era mais novidade para ninguém, a cada jogo o time ganhava em entrosamento, suas linhas se ajustando na formação de um conjunto harmonioso –, o placar do segundo jogo parou num apertado 2x1, gols da dupla Ivanildo e Amorim, os artilheiros do time. No intervalo, os dois times recolhidos aos vestiários, caiu um toró daqueles que só costuma ocorrer na região amazônica. O campo ficou inundado. Futebol não era mais possível naquela noite diluviana.

O árbitro pernambucano Lêucio de Souza Leão, que acompanhava a delegação como era costume naquele tempo, cada time que viajava levava por via das dúvidas um árbitro de sua cidade, decidiu: o jogo estava encerrado. Jogadores, titulares e reservas, o treinador Palmeira, e os demais membros da delegação retornaram ao hotel. Uma passagem rápida pelo restaurante para uma refeição frugal, como manda o figurino depois da correria de um jogo de futebol. Todo mundo depois se recolhendo aos apartamentos, para o descanso e as últimas providências no preparo da bagagem.

Acontece que os promotores do amistoso não concordaram em pagar integralmente, como deviam, a cota do jogo. Pagar por inteiro por um jogo que foi jogado somente pela metade? De jeito nenhum...

A delegação alvirrubra não abria mão de receber a cota a que tinha direito. A torcida, que tinha pago para ver um jogo de 90 minutos e só tinha visto 45, por sua vez, estava exigindo o resto que faltava. O jogo todo ou o dinheiro de volta. O jeito então era jogar o segundo tempo no dia seguinte. Mas tinha a hora da saída do avião para complicar.

A aeronave tinha hora marcada para levantar voo. Mas deram um jeito. Brasileiro é fogo! O horário foi alterado. A saída do avião passou para as 8h30, uma hora depois da hora marcada. Não tinha outro jeito. Não havia outra solução. E o segundo tempo, para tudo dar certo, foi marcado então para cedo da manhã, começando às sete da matina.

Foi assim que o Náutico entrou para a história, como o time que jogou futebol a sério mais cedo da manhã em todo o planeta. Sete horas da manhã! Jogo de portões abertos, estádio lotado. Não se trata de jogo de manhã ou em plena madrugada pela televisão, por causa da diferença do fuso horário. Não é isso. É jogo cedo da manhã, mesmo. Não há registro de jogo mais cedo em todo o mundo, em qualquer tempo.

O time do Náutico marcou mais dois gols no jogo do alvorecer. Placar final: Náutico 4x1 Seleção do Amapá. Amorim, outra vez, e Zeca, o ponta-esquerda, foram os autores dos dois gols matinais. São eles também recordistas. Jogadores a marcarem os gols mais cedo do dia na história do futebol mundial.

A CAMPANHA

Os resultados dos alvirrubros foram estes:

Belém:

Náutico 3 x 1 Tuna Luso

Náutico 1 x 1 Paysandu

Náutico 6 x 2 Remo

Manaus:

Náutico 3 x 2 América

Náutico 9 x 4 Fast Clube

Náutico 3 x 2 Nacional

Náutico 4 x 2 Nacional

Macapá:

Náutico 1 x 0 Seleção do Amapá

Náutico 4 x 1 Seleção de Macapá

Paramaribo

Náutico 4 x 2 Seleção do Suriname

Náutico 2 x 2 Seleção do Suriname

Náutico 10 x 0 Seleção de Moengo

Náutico 6 x 4 Militaire Club

Náutico 4 x 1 Seleção do Suriname

São Luís:

Náutico 0 x 2 Moto Clube

Náutico 3 x 2 Maranhão

Total: 16 jogos, 13 vitórias, 2 empates e 1 derrota; 67 gols pró e 28 contra

Goleadores: Ivanildo, 23; Amorim, 18; Zeca, 11; Gilberto, 4; Schiller e Alcidésio, 3; Dico e Carmelo, 2; Bororó, 1.
Fonte: Lucídio José de Oliveira






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